Investimento em EE é mais vantajoso do que em expansão do sistema, avalia PSR

Investir em eficiência energética vale muito mais a pena do que na expansão do sistema elétrico. Essa foi a conclusão da PSR ao avaliar o compromisso relacionado à meta de eficiência energética firmado pelo Brasil no Acordo de Paris, ou COP 21. Em estudo realizado pela PSR para o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), foi estimado em R$ 8 bilhões os investimentos necessários para o atendimento da meta de conservação de 10% de ganhos de eficiência no setor elétrico até 2030. Com esse aporte, calculou a PSR, seria possível reduzir custos de investimento em R$ 39 bilhões e custos de operação em R$ 27 bilhões, promovendo um benefício líquido de R$ 58 bilhões.

Em abril deste ano, o Brasil e outros 194 países, dentre os quais China e Estados Unidos – maiores emissores de gases do efeito estufa -, assinaram um acordo sobre o clima na sede das Nações Unidas, em Nova York. O acordo é resultado da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que ocorreu em Paris no final de 2015. A meta de eficiência energética é um entre os vários compromissos assumidos pelo Brasil.

Segundo a PSR, o cálculo de redução de 10% se baseia na Nota Técnica preparada pela Empresa de Pesquisa Energética, que projeta a demanda de energia para o Plano Nacional de Energia 2050. Segundo o documento, a energia conservada em 2030 seria cerca de 105 TWh ou 9,8% do consumo projetado para esse período.

No entanto, a PSR aponta, na sua edição de maio do Energy Report, que o Brasil pode aumentar ainda mais a conservação de energia se, por exemplo, focar seus programas, que hoje são basicamente voltados para o setor residencial, na indústria, que é a maior consumidora de energia. O selo Procel, que classifica produtos quanto a sua eficiência energética, é voltado para consumidores residenciais. “A ampliação das categorias de equipamentos industriais avaliadas pelo Procel ampliaria o potencial nacional de conservação de energia”, afirma o relatório.

Hoje, níveis mínimos de eficiência energética já foram estabelecidos para refrigeradores e congeladores, lâmpadas fluorescentes compactas, fogões e fornos, condicionadores de ar, entre outros equipamentos. “Tendo em vista que a indústria é a maior classe consumidora de energia, é necessário estabelecer níveis mínimos de eficiência energética para bombas, compressores e outros equipamentos industriais”, analisa a PSR.

Entre as ações propostas pela PSR para aumentar a conservação de energia no país estão a substituição de motores elétricos na indústria, que é responsável por consumir 38% de toda energia elétrica nacional e a força motriz em operação usa 62% dessa energia elétrica. “Sendo assim, constata-se que aproximadamente 24% de toda energia elétrica do Brasil é consumida por motores elétricos”, aponta. Outras medidas incluem a substituição de lâmpadas por LED; e mudança de hábitos de consumo. De acordo com a PSR, dependendo das ações adotadas, a redução no consumo poderia ser de 15% ou até 20% no período, com a ampliação do escopo de ações.

Para o atendimento de uma meta de 15% de eficiência energética no período, a PSR calculou que seriam necessários investimentos de R$ 14 bilhões, com redução de custos de investimentos da ordem de R$ 50 bilhões e de custos de operação de R$ 34 bilhões, com benefício líquido de R$ 70 bilhões. Já no cenário de conservação de 20%, seriam necessários investir R$ 19 bilhões em eficiência energética, que reduziriam os custos de investimento em R$ 66 bilhões e de operação em R$ 43 bilhões. O benefício líquido alcançaria R$ 90 bilhões.

A consultoria ainda avaliou o impacto nas tarifas a partir da variação sobre os custos operativos do Sistema Interligado Nacional. Em 2015, segundo a PSR, o setor de distribuição arrecadou cerca de R$ 100 bilhões dos consumidores de energia. Para cada R$ 1 bilhão de variação nos custos operativos, é possível estimar um impacto tarifário da ordem de 1%. “Com o crescimento esperado do mercado até 2030 (quase 60%) as ações de fomento à EE possuem um benefício direto para a sociedade pela redução média das tarifas de 17% a 27%”, calculou a PSR.

Fonte: CanalEnergia

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