Walmart: produto terá nota de impacto ambiental

Fonte: O Globo – 15.10.2010

Brasil – A partir de 2015, produtos à venda no Walmart Brasil trarão no rótulo uma espécie de nota de sustentabilidade.

A ação faz parte de uma estratégia global da rede. O objetivo é informar o tamanho do impacto daquele item no meio ambiente.

Para isso, a maior varejista do planeta está à frente de um consórcio, coordenado por uma universidade americana, que reúne acadêmicos, fornecedores, varejistas, entidades e autoridades para desenvolver uma base de dados mundial sobre o ciclo de vida de produtos — da matéria-prima até o descarte. Daí, as informações serão traduzidas em uma graduação simples capaz de mostrar ao consumidor quão verde determinado produto é.

“É um projeto que envolve mais de 30 grandes empresas, como Unilever e Procter&Gamble”, citou Yuri Feres, gerente de Sustentabilidade da companhia, sem revelar números do investimento no projeto ou em ações de sustentabilidade.

No passado, a rede enfrentou denúncias trabalhistas – Enquanto o índice não fica pronto, o Walmart apela para que os funcionários tenham uma atitude mais sustentável, com pequenas mudanças no âmbito pessoal, como desligar a luz após deixar um cômodo de casa. A rede dá, com isso, um passo para modernizar as relações de trabalho, segundo especialistas, já que, na década passada, a Walmart nos EUA enfrentou várias denúncias de trabalhadores por discriminação sexual e repressão à sindicalização.

Ainda que o varejo seja responsável por apenas 8% de todo o impacto ambiental da cadeia produtiva, o Walmart tem fechado parcerias com fornecedores — grandes ou pequenos — para modificar produtos. Segundo analistas, o novo posicionamento da companhia funciona como fonte de estímulo — ou de pressão — para que a indústria se adapte às novas diretrizes deixando um pouco a retórica ambientalista e partindo para a prática.

“Ninguém quer deixar de ser fornecedor do Walmart. Some-se a isso o fato de que sustentabilidade está na pauta do dia. É claro que não existe uma postura radical da companhia, mas há uma sinalização de que, em algum momento, algumas práticas não serão mais aceitáveis — comentou Cláudio Goldberg, especialista em varejo da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Essas parcerias se transformam em produtos que agridem menos o meio ambiente — exclusivos ou não do Walmart. Como a revisão da linha Pinho Sol, da Colgate, que passou a ter embalagem e rótulo à base de material reciclado e usar menos energia na fabricação. No caso do Óleo Liza, a produção reduziu consumo de água, energia, frete e de combustíveis fósseis por meio da troca de parte da matriz energética de petróleo para biomassa de origem controlada.

Conseguimos ainda desenvolver um sabão em pedra com reutilização de óleo de cozinha coletados por clientes, funcionários e parceiros. Passamos a oferecer um produto mais sustentável e com preço 20% menor para o consumidor. Ser sustentável é ser viável economicamente — disse Feres, acrescentando que a companhia aposta na construção de lojas ecoeficientes, com consumo menor de energia (-30%) e água (-40%).

Há algumas semanas, o Walmart Brasil lançou um programa de rastreabilidade que permite aos clientes identificar a procedência de produtos adquiridos na rede. A carne de marca própria é o primeiro item rastreado. Em breve, hortigranjeiros farão parte do processo.

O Walmart não está sozinho na cruzada verde. O Grupo Pão de Açúcar investiu, ano passado, cerca de R$ 60 milhões em iniciativas para a promoção do consumo consciente e da gestão sustentável, além de programas sociais e voltados para a qualidade de vida. Desde 2001, a companhia já arrecadou mais de 38 mil toneladas de materiais recicláveis. Em 2009 foram inauguradas 11 estações de reciclagem.

No último ano, foram arrecadadas mais de 7 mil toneladas que foram doadas para cooperativas promovendo a inclusão social e a geração de renda. Em 2010 já são mais de 4 mil toneladas arrecadadas. Também foram coletados mais de 450 mil litros de óleo de cozinha que foram destinados para a produção de biocombustível.

Zona Sul terá em 2011 primeira loja verde

Já o Zona Sul promete para o segundo semestre de 2011 a inauguração na Barra de sua primeira loja verde. A unidade usará materiais certificados, como madeira controlada ou de demolição. O investimento será 30% maior que as unidades tradicionais, no entanto, estima-se uma redução de custos fixos em torno de 20% a 25%. De janeiro a agosto, houve redução média de 40% no volume de lixo gerado.

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